O Homem que Vendia Provérbios

À beira de Verdes Bosques chegou naquela manhã um vendedor que ninguém conhecia.

Era baixo, delgado como um vime e tinha os cabelos todos brancos.

Gritava:

– Provérbios! Provérbios! Provérbios novos e usados! Uma moeda cada um! Quem quer provérbios?
– E que fazemos nós com os provérbios? 
– Perguntou-lhe muito admirada uma gorda padeira.
– Eh! Eh! 
– Respondeu o homem. 
– Claro que com os provérbios não poderá fazer um avental ou fritar dois ovos, mas em compensação enriquecerá o seu pensamento.

Não sabe que em cada provérbio está um quilo de bom senso?

– Essa é boa! 
– Observou um homem que tinha um nariz vermelho de ébrio. 
– Então, por uma moeda, que provérbio poderá vender-me, velhote?

O vendedor olhou-o longamente e depois vendeu-lhe este provérbio:

– «Quem do vinho é amigo, de si próprio é inimigo.»
– Dê-me também um – pediu uma mulher, estendendo a sua moeda.
– Ora aqui tem o que lhe vai a matar… – Respondeu o velho. – «Em boca fechada não entram moscas…»

A mulher, que era conhecida em toda a região por ser muito faladora, foi-se embora, envergonhada.
E foi assim que naquele dia, em Verdes Bosques, grandes e pequenos compraram, apenas por uma moeda, um quilo de bom senso.

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