O Coelhinho Aventureiro, certo dia, saiu da sua casinha, que estava ao pé de um campo cheio de papoilas e, de mala na mão, com as suas gravatas nela guardadas, a escova dos dentes e uma muda limpa, partiu para ir conhecer o mundo.
O Coelhinho Aventureiro andou toda a manhã sem encontrar vivalma. E chegou o meio-dia.
– Bolas!
– Dizia para si o Coelhinho
– Já estou com fome e não vejo nenhuma casa onde possa encontrar alguma coisa de comer.
Continuou a caminhar e, à tardinha, encontrou na berma do caminho uma linda borboleta, e disse-lhe:
– Amiga Borboleta! Estou muito contente por te ter encontrado, porque eu perdi-me, sabes, e não vejo nenhuma casa onde possa passar a noite. Podes-me indicar alguma?
– Sim, Coelhinho Aventureiro, respondeu a Borboleta – Continua por este caminho e, ao chegar ao fim dele, verás a pousada do senhor Gato. Ali, com certeza que encontras comida e lugar para dormir.
– Obrigado, linda Borboleta! Vou já para lá.
E assim fez o Coelhinho aventureiro. A andar, a andar, chegou ao fim do caminho e, com efeito, encontrou a pousada e bateu à porta, perguntando:
– Podem-me dar de comer e alojamento para esta noite?
– Tens dinheiro para pagar? – perguntou o senhor Gato.
– Então, não havia de ter! – respondeu o Coelhinho.
– Nesse caso, podes entrar – resolveu o dono da pousada, mas nenhum dos dois tinha reparado em que, escondida atrás de umas árvores, estava a Raposa Bandida, que tinha visto chegar à pousada o Coelhinho Aventureiro.
A Raposa Bandida pensou:
– Mas que coelho tão gordinho! Vou esperar que saia da pousada e, logo que o tenha entre as minhas mãos, como-o guisado com tomate.
Coitadinho do Coelhinho Aventureiro! Que longe estava ele de imaginar que, ao pé da casinha, estava à sua espera, pacientemente, a Raposa, lambendo já os beiços de prazer, porque vocês devem saber que uma das coisas de que ela mais gostava era de lombo de coelho grelhado, depois de um aperitivo à base de orelhas de coelho.
O Coelhinho estava a aquecer-se ao lume, enquanto assava o frango que lhe ia servir de jantar, quando entrou pela janela a Borboleta, dizendo:
– Coelhinho Aventureiro, Coelhinho Aventureiro! À porta da pousada está escondida a Raposa Bandida, à espera de te apanhar, ao saíres daqui, para te espetar o dente. Não tens por onde fugir, pobre Coelhinho Aventureiro, porque a casa não tem nenhuma outra saída fora daquela onde a Raposa está à tua espera. O que é que pensas fazer?
O Coelhinho foi à janela com muito cuidado. Lá estava, à espreita, perto da porta, o seu terrível inimigo. Mas o Coelhinho Aventureiro teve uma ideia feliz.
Apanhou da chaminé uma brasa e, aproveitando que a Raposa tinha a cauda tão levantada que chegava até ao pé da janela, encostou-lhe a esta a brasa.
A Raposa Bandida, sentindo que se queimava, olhou para trás e viu a cauda a arder, deu um enorme pulo e desatou a correr para longe da pousada, dando urros de medo, à procura de água onde poder apagar o fogo.
O Coelhinho Aventureiro saiu, então, livremente da pousada e voltou para casa muito contente.
Mesmo quando às vezes parece estar tudo perdido, acabamos por encontrar uma solução!
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