Havia, há muitos anos, num curral um burro, um boi e um cordeiro.
Embora de manhã, tivessem os três que ir trabalhar, de tarde podiam descansar à vontade no curral, pois o dono deles tratava-os muito bem.
Que fazer durante estas horas livres? Os três gostavam de jogos de azar, pelo que passavam as tardes a jogar às cartas ou aos dados.
Quem ganhava, podia dormir no melhor estábulo. Como podem imaginar, o boi, o cordeiro e o burro jogavam com afinco.
O burro era um grande batoteiro e dormia sempre no melhor estábulo.
O boi e o cordeiro estavam com toda a razão, a começar a suspeitar que ele os estava a enganar.
Para terem a certeza, fizeram uma pequena cruz em todas as cartas.
Quando o burro voltou a ganhar-lhes na partida seguinte, ambos lhe pediram:
– Mostra-me as tuas cartas, amigo burro.
– Estão a insinuar que eu estou a fazer batota? –perguntou o burro, um pouco incomodado.
De nada lhe serviu negar. Teve de mostrar as cartas que tinha posto sobre a mesa.
Nenhuma delas estava marcada com uma cruz; quer dizer, não pertenciam ao baralho e o burro tinha-as tirado da manga. Os seus amigos puderam comprovar as suspeitas deles.
O burro tinha-os enganado.
Desde essa tarde não voltaram a jogar com ele, pois já tinha perdido a confiança. Faziam turnos entre os três para desfrutarem o melhor curral.
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